Os Livros Miniatura formam a mais excêntrica categoria do universo das letras.
O termo «miniatura» provém do substantivo «minium», o nome latino do
pigmento avermelhado com que os monges medievais pacientemente decoravam as
letras iniciais dos textos manuscritos.
Mas os Livros Miniatura são tão antigos como a própria escrita: os
primeiros de que há registo, pequenas placas de argila com escrita cuneiforme
que circulavam na antiga Babilónia, têm cerca de 4000 anos.
Ainda hoje não há maior desafio à perícia de um livreiro do que a
produção de um Livro Miniatura, e surgem por vezes dificuldades inesperadas.
Alguns livros são tão pequenos que tiveram de ser cosidos com fios de cabelo;
para evitar a trepidação quotidiana, alguns impressores viram-se forçados a
trabalhar só durante a noite; e tipógrafos houve que quase cegaram tentando
talhar e fundir o mais pequeno dos tipos!
Da humilde edição de cordel à mais delicada coleção de luxo, os Livros
Miniatura despertam um fascínio especial.
Muitos transportáveis, sempre acompanharam os seus donos a qualquer
parte. Os crentes levavam consigo os seus livros de orações; os estudantes, com
os grandes clássicos no bolso, podiam ocupar os tempos mortos; e os viajantes,
transportando bibliotecas inteiras na bagagem de mão, podiam converter em
leituras o tédio das longas jornadas.
Fáceis de imprimir a baixo custo, os Livros Miniatura foram também
utilizados em propaganda política e em publicidade comercial; mas serviram
igualmente para instruir e entreter muitas gerações de crianças, para quem se
conceberam e editaram bibliotecas-brinquedo com coleções completas de livros
verdadeiros.
A mostra de Livros Miniatura que agora visita a nossa biblioteca
pertence à coleção que João Lizardo tem vindo a reunir e vai estar patente até
31 de dezembro.
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