Frequentemente
olhava para os meus pais e meditava sobre o que seria mais doloroso:
assistir à morte cerebral, lenta e degradante, num organismo saudável, no caso
da minha mãe, ou ao depauperamento físico, numa mente brilhante
e extremamente ativa, no caso do meu pai. Ainda hoje não encontrei
resposta, mas sou perentória em afirmar que são duas situações de uma
complexidade extrema.
Por
tudo isto eu estava, não só estranha, mas também alheada. Era a minha
despedida, o meu adeus, o meu "nunca mais" à minha mãe. Até sempre
meu amor, minha querida, minha linda, minha rica, minha menina... Minha MÃE!
O
amor pode revelar-se de diversas formas: conjugal, maternal, paternal, filial,
fraternal, avuncular... até a amizade é uma maneira diferente de gostar.
Comum
a todas elas, na minha opinião, é querer o melhor para o ser querido. Sem
egoísmos, sem amarras, sem cobranças... num despojamento total. Por isso,
quando chega o momento final, apesar de todo o desgosto que nos cause, devemos
libertar, suave e firmemente, aquele que padece e deixá-lo desprender-se
livremente de tudo quanto o prende à terra. É amar bem, na verdadeira aceção da
palavra.
Célia
de Sousa Alvim Alferes nasceu em Lisboa, a 29 de Março de 1959. Vive em Setúbal
desde 1965. Estudou línguas estrangeiras (inglês, francês e italiano). Tem o
curso de Secretariado de Direcção do INP. Frequentou o Curso de Direito, na
Universidade Moderna, e de História, na Universidade Aberta. Foi professora
durante 23 anos. Há 8, por motivos familiares, deixou de exercer atividade
laboral e, recentemente, dedicou-se à escrita. Está a escrever o seu terceiro
livro, o primeiro romance. Vive na casa paterna com o meu pai e a irmã.
Local: Biblioteca Municipal José Saramago
Dia: 6 de fevereiro
Horário: 16h00
Condições de participação: entrada livre
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