sexta-feira, 1 de abril de 2011

Voz Arremessada ao Caminho

BIBLIOTECA MUNICIPAL DO SEIXAL

A Biblioteca Municipal vai acolher Voz Arremessada ao Caminho de Armindo Rodrigues, exposição cedida pelo Museu do Neo-Realismo que irá estar patente ao público, entre 5 e 27 de Abril, na ala central da Biblioteca.

Armindo Rodrigues nasceu em Lisboa, em 1904, e faleceu na mesma cidade a 8 de Agosto de 1993.

Desenhador exímio e trabalhando eximiamente a palavra, Armindo Rodrigues cedo revelou essas aptidões, em particular na Faculdade de Medicina, onde participou em actividades de índole cultural, como a Récita dos Quintanistas, tendo escrito para a do seu curso, em 1930, a revista Larachoterapia, na qual desempenhou, também, o papel principal.

Não se conhecem muitas colaborações suas em jornais importantes da época, como Liberdade, O Diabo e Seara Nova – talvez devido à acção da censura –, jornais onde escreveram muitos escritores que, mais tarde, aderiram ao Movimento de Unidade De-mocrática (MUD), alguns dos quais iniciaram o Neo-Realismo.

Em 1943, publica o seu primeiro livro – Voz Arremessada ao Caminho – e, depois, saem um a dois livros anualmente, até 1957, quando deixa de ir a prelo a sua actividade como criador, dedicando-se à tradução.

Em 1970 volta a publicar em livro, refundindo e reescrevendo muitos trabalhos já edita-dos, iniciando-se a publicação da Obra Poética, série que vai até 1980, onde se incluem, também, poemas originais.

Armindo Rodrigues inspirou-se na poesia tradicional portuguesa, mas introduziu na sua produção uma modernidade que os críticos assinalaram. A sua poesia é dedicada ao amor, à liberdade, a Lisboa e ao Tejo, ao Alentejo, onde viveu em criança, mas tem sempre um pendor conceptualista, ideológico.

Não abandonou completamente a actividade plástica, desenhando excelentes retratos de vários escritores como Carlos de Oliveira, Antunes da Silva, José Gomes Ferreira e auto-retratos, alguns dos quais para serem incluídos em obras publicadas na Colecção Cancioneiro Geral, que dirigiu.

O poeta e médico era um homem impulsivo e irreverente, mas frontal, o que lhe trouxe algumas inimizades e zangas com os amigos.

Ameaçado de ser detido pela polícia política no tempo de Sidónio Pais, foi encarcerado pela primeira vez em 1931, na sequência duma greve académica e, depois, em 1938 e 1949, no Aljube e em Caxias.

Depois do 25 de Abril, a sua poesia tornou-se mais interventiva e directa, sendo dita por si em grandes concentrações populares.

O seu espólio foi entregue, por sua expressa vontade, ao Museu do Neo-Realismo, tendo a Associação Promotora garantido a publicação do seu livro de memórias Um Poeta Recorda-se e a antologia de poesia inédita Ocasional a Vida.

Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo

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