Concebido no âmbito de uma iniciativa conjunta do IPLB e do Centro de Pedagogia e Animação do CCB, este atelier foi inicialmente inspirado numa proposta de uma equipa de “animação à leitura” constituída por professores de Santander (Espanha), o Grupo Peonza, no seu “ABCdário de Animación a la lectura” (Madrid, Associación Española de Amigos del Libro infantil y juvenil, 1995)
O atelier, algo teatral de animação à leitura, consiste na apresentação do livro “O Sonhador” (The Daydreamer), de Ian Mcewan, (Lisboa, Gradiva, 1995). É através da leitura partilhada de partes dos seus capítulos, acompanhada da observação dos desenhos que os ilustram, e essencialmente do capítulo “O rufião”, lido quase integralmente, que converge toda a animação.
Seguindo, então, mais de perto o modelo fornecido pelo manual do grupo Peonza, foi escolhido o conto em que o “herói” constitui um tipo psicológico particular, relativamente marginal, diverso da norma, de alguma forma injustiçado num contexto ajustado ao dos participantes no atelier –uma escola-, o que dá azo à encenação de um “tribunal”, em que as crianças, agrupadas aleatoriamente em equipas de acusação e de defesa do protagonista e do antagonista, são levadas, mais do que a um definitivo juízo moral, a relativizarem valores e, assim, a questionarem o texto.
O actor/animador, que fora até então e desde o início da actividade, com humor e ironia, algo fabulador, suscitando a leitura através do contar e contando -e contando-se...- a propósito do que é lido, assume, naquele “tribunal” encenado, o papel, algo burlesco, de juiz inquiridor, mas não tem, finalmente, de ser o julgador, uma vez que a sentença -salomónica...- não é mais do que o desenlace da história, cujo decurso fora suspenso justamente antes, para que o julgamento e, com ele, o atelier se concluam pela leitura do excerto final.
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