sexta-feira, 4 de abril de 2014

Conversas com a escrita com Eduardo Palaio

BIBLIOTECA MUNICIPAL DO SEIXAL


Eduardo Palaio é natural do Seixal. Iniciou a sua atividade artística pelo desenho de humor, tendo publicado trabalhos, como colaborador, no «Mundo Ri», sob a direção de José Vilhena.
Em 1966, expôs pela primeira vez trabalhos de desenho e pintura. Nos anos 1970/1980, retoma o cartoon, publicando regularmente num semanário. Participou nos Salões Nacionais de Caricatura e Desenho de Humor e como convidado em três exposições internacionais em Cuba (dedeté – 1986/93/98) e no México (1994 e 1998).
Decorador de espaços públicos, é autor de nove murais no concelho do Seixal. Apresentou nove exposições individuais de pintura de 1982 a 2000 e participou em inúmeras exposições coletivas.
Estreou-se na literatura com o livro infantil «Pinta-o às bolinhas azuis». É autor do romance «Peregrinação de Artur Vilar» (2003) e da coletânea de contos «Caixa Baixa» (2011).
Em 2010, foi galardoado com o Prémio Nacional de Conto Manuel da Fonseca e, em 2011, venceu o grande prémio do conto Camilo Castelo Branco da Associação Portuguesa de Escritores.
A sua experiência como comandante de grupo de combate na Guerra Colonial, em Angola, revelou-se muito útil para escrever o romance histórico «Os dez de Tânger».

Deixem que vos fale primeiro de gente igual ao que fui, gente do mesmo modo de nascer, do mesmo jeito de viver, com o mesmo destino de morte, a nossa e a dos que por má sorte tropeçaram em nós.
Contando deles, conto de mim: somos do mesmo barro e do mesmo barco e todos estamos precisados da misericórdia do Senhor.

Conheci-os no comércio, na pirataria, na vingança, na conquista na viagem do mar e nas securas do deserto. E conto da vida de cada um foi o que pude entender das palavras, saídas das suas bocas, vindas a mim por eles próprios e por outros companheiros. De tantos que recordo, falarei de dez, para não vos maçar muito.

No reinado de D. Duarte, a cidade de Ceuta e os arquipélagos da Madeira e dos Açores já pertenciam aos domínios portugueses. Portugal vivia um período negro do ponto de vista financeiro, mas a ambição e a sede de novas conquistas no norte de África acalentavam o espírito do infante D. Henriques e do seu irmão mais novo, D. Fernando. Preparou-se uma armada para conquistar Tânger. Perante a recusa de cavaleiros e besteiros, o rei viu-se obrigado a convocar homens muito mal preparados para a guerra.
Esta é a história de soldados desconhecidos: um agricultor de terra de renda, um pescador, um mercenário e bandoleiro, um mesteiral, um ganha-pão rural, um moço de bordo, um criado e camareiro, um vagabundo, um calafate e um mercador. Dez homens, dez vidas, dez aventuras na vida do mar. Levados pelo mote «se não for por amor que seja por temor», partem para o mistério de África numa viagem sem retorno. E 1437 ficará para sempre conhecido como o ano do Desastre de Tânger.

Quem foram esses soldados desconhecidos que partiram nessa expedição? Quais foram as experiências guerreiras da «gente baixa» recrutada à força? Como eram as suas vidas, os seus tormentos e as suas glórias?

Uma história épica que desbrava os caminhos de uma expedição contada e vivida por dez homens com existência real, mas apagados nos mapas da nossa memória.

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